Com estes aumentos sucessivos, a título de exemplo, uma exploração
agrícola familiar de média dimensão que no início do ano passado gastaria, por
mês, cerca de 3.500 euros em gasóleo em média, gasta, hoje, perto de 7.300
euros, o que representa um acréscimo médio mensal de 3.700 euros.
Esta difícil situação da agricultura
nacional não se compadece com a falta de acção por parte do Governo e do
Ministério da Agricultura ou com a suposta fatalidade de que o preço dos
combustíveis só baixará quando a guerra acabar.
A CNA reitera que é urgente regular o
preço dos combustíveis e criar condições para atenuar o aumento dos restantes
custos de produção, como rações, fertilizantes, entre outros, que, em muitos
casos, mais do que triplicaram no espaço de um ano.
Pegamos em mais um exemplo concreto: um
agricultor que no ano passado teve um custo de 2.600 euros em fertilizantes e
fitofármacos utilizados num pomar de pouco mais de 1 hectare de mirtilos tem,
este ano, uma conta de perto de 10.000 euros.
Por outro lado, os preços pagos aos
agricultores pela sua produção, quando sobem, ficam muito abaixo daquilo que
seria necessário para fazer face ao brutal aumento dos custos. Assim, os
agricultores não aguentam.
De forma a garantir a viabilidade
financeira das explorações agrícolas, exige-se, sem mais demoras a garantia de
escoamento da produção a preços justos, através da criação de uma lei que
proíba as vendas com prejuízo ao longo de toda a cadeia agro-alimentar,
conforme é reclamação da CNA, de forma a proteger a posição dos agricultores,
que continuam a ser o elo mais fraco da cadeia, recebendo pouco pelo que
produzem, enquanto os consumidores pagam cada vez mais caro na grande
distribuição.
Num contexto de crises frequentes, como a
pandemia, a seca ou a guerra, com impactos na produção e na alimentação, tem de
ser prioridade do Governo a adopção de políticas públicas que viabilizem a
existência de muitas e prósperas explorações agrícolas familiares, enquanto
garantia de Soberania Alimentar do país.
Coimbra, 15 de Junho de 2022 // A Direcção da CNA