O
Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), a vigorar entre 2023 e
2027, introduziu novas regras na forma como são atribuídos os apoios da PAC aos
agricultores nacionais, o que se traduziu num aumento do grau de exigência de
conhecimento ao nível das condicionantes produtivas para acesso às diversas
intervenções. O primeiro ano de aplicação do PEPAC revelou um complexo e
burocrático processo de candidaturas ao Pedido Único em 2023.
Com
esta iniciativa, que decorreu na Escola Superior Agrária de Coimbra, a CNA
pretendeu contribuir para um melhor esclarecimento dos agricultores acerca dos
apoios disponibilizados pelo PEPAC e das obrigações a cumprir para os receber.
Ângela
Dias, do Departamento Técnico da CNA, apresentou o tema aos presentes,
salientando a forma como está estruturada a chamada “arquitectura verde” da PAC
e de como as regras ambientais e de bem-estar animal, reforçadas, impactam na
actividade agrícola e agro-pecuária.
Os
casos práticos apresentados foram muito pertinentes para ajudar a compreender
certas exigências colocadas aos agricultores e quais as estratégias para as
ultrapassar para que estes possam receber os apoios sem penalizações.
Por
exemplo, no que respeita à Condicionalidade reforçada foi colocado o caso do
cumprimento da BCAA7 em 2024: exigência de rotação de culturas, aplicada a quem
tem mais de 10 hectares de terra arável. Foi apresentado o caso concreto da
produção de milho, por Isménio Oliveira. Os agricultores vêem dificuldades em
cumprir estas exigências quando os seus campos estão alagados, impedindo a
colocação de outra cultura (cultura secundária), ou efectuar outra cultura
diferente do milho como cultura (principal), dado que tal implica alterações de
fundo à orientação produtiva das suas explorações e à forma como estão
organizadas.
Também
os requisitos relativos à existência de contracto com organismos de controlo
(OC) para acesso aos Eco-regimes e a assistência técnica em entidades distintas
daquelas onde fazem as suas candidaturas levantaram alguma preocupação entre os
participantes.
Na
opinião dos presentes, questões burocráticas acarretam custos acrescidos às
pequenas e médias explorações agrícolas familiares e dificultam-lhes o acesso
aos apoios da chamada “arquitectura verde” o que, a par da perda de rendimentos
verificada no último ano, pode conduzir ao encerramento de muitas explorações.
Esta
foi uma preocupação generalizada entre a plateia que alertou para a necessidade
de um ajustamento das políticas à realidade das explorações agrícolas
familiares que, além de constituírem a vasta maioria das explorações do país,
são as que estão em melhores condições de responder aos desafios que se colocam
em termos ambientais.
A
discussão foi muito participada e a profícua interacção entre os agricultores e
os oradores atestou a importância do papel da CNA e das suas filiadas no apoio
técnico aos agricultores para que possam gerir da melhor forma as suas
explorações e maximizar as oportunidades de apoios no âmbito da PAC.
Esta
acção integra um projecto no contexto de uma iniciativa comunitária promovida
pelo PDR2020 e co-financiado pelo FEADER, no âmbito do Portugal 2020.