Na visita acompanhada pela comunicação social e com a Filiada da
CNA na região, a Associação para o Desenvolvimento Agrícola e Rural das Arribas
do Douro (ADARAD), a CNA pode constatar no terreno o desespero dos agricultores
que vêem os pastos secos, os armazéns vazios e os animais em vias de não terem
o que comer.
Como referiu o dirigente da CNA, Vítor
Rodrigues, “a declaração de seca por do Ministério da Agricultura permitiria a
mais agricultores acederem mais depressa (ainda que tarde, a julgar pela experiência)
aos apoios decorrentes desta declaração”.
Recorde-se que o Ministério da
Agricultura através do Despacho n.º 5351-A/2023, de 9 de Maio, reconheceu a
existência de uma situação de seca severa ou extrema em 67 municípios, que
perfazem cerca de 40% do território nacional, localizados no Sul do país, mas
alargando-se a situação de seca já a 90% do território nacional.
Segundo os dados de Abril do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a percentagem de água no solo é já
muito baixa não só no Centro e Sul do país, mas também na região de
Trás-os-Montes e Alto Douro.
Em vários concelhos desta região,
verificam-se já as consequências nefastas da seca, com severidade semelhante ao
que sucede nos concelhos agora abrangidos por este Despacho: pastos e forragens
secas e com muito baixo crescimento, escassez de água para rega, entre outras.
Durante a visita deparamo-nos com uma
seara de aveia que não vingou e que é hoje o último recurso de um agricultor
que ali pastoreia o seu rebanho. Mas as alternativas vão escasseando.
À falta de pastos e na iminência de se
esgotarem em poucos dias as reservas de alimentação que estavam armazenadas
para o Verão, os agricultores ponderam abater os animais – mesmo que isso
implique perdas significativas de rendimento – porque não os podem deixar à
mercê da fome.
Nesta situação de extrema gravidade, são
necessárias ajudas urgentes, capazes de apoiar os produtores que estão a braços
com muitas dificuldades e já pensam em diminuir o efectivo de animais ou
desistir da actividade.
O Ministério da Agricultura tem de,
urgentemente, alargar a situação de seca aos territórios afectados e
disponibilizar aos agricultores, de forma célere e desburocratizada, ajudas a
fundo perdido para apoiar a alimentação animal, incluindo para apicultura, sem
prejuízo da adopção de medidas de médio e longo prazos capazes de fazer face às
situações de seca cada vez mais frequentes e com consequências mais pesadas
para os agricultores.